O ano começou e agora posso publicar sem medo a minha lista de Top 10 Discos de 2024. Fiz um breve amontoado de imagens no meu perfil no Instagram, mas fica difícil de falar um pouco sobre cada um desses discos por lá.
Por isso mesmo, resolvi expandir um pouco desse review por aqui e segue abaixo um pouco do que eu mais gostei de escutar em 2024.
1. Nell’Ora Blu de Uncle Acid & the Deadbeats
Uncle Acid & the Deadbeats consolidou ainda mais a sua reputação como mestres modernos do que eu chamaria rock oculto com o disco “Nell’Ora Blu”.
Esse disco parece ter sido feito como uma trilha sonora de um filme que nunca vai existir. Um álbum que é uma jornada sombria e hipnótica por riffs inspirados nos anos 70, vocais assombrosos e letras que exploram temas de loucura, assassinato e o sobrenatural. Faixas como “La Vipera” e “La Vipera” mostram a habilidade da banda de criar melodias cativantes e atmosferas arrepiantes, tornando-a uma música obrigatória para fãs do que alguns chamariam de doom psicodélico.
Em algumas semanas, o Uncle Acid & the Deadbeats vai fazer uma dupla de shows especial aqui em Berlim, tocando o Nell’Ora Blu na sua totalidade e estou bem curioso para ver o que vai ser isso tudo. Afinal, esse é o meu disco no topo dos top 10 Discos de 2024.
2. You Could Do It Tonight do Couch Slut
Couch Slut lançou uma explosão furiosa de noise rock com “You Could Do It Tonight”. Conheci a banda tem pouco tempo e fiquei surpreso com a raiva que vem junto desse disco.
O álbum é uma exploração visceral e intransigente de trauma e abuso, entregue com vocais ferozes, guitarras angulares e bateria forte. A intensidade da banda é implacável, criando uma experiência auditiva desafiadora, mas, em última análise, catártica.
Um dia eu ainda consigo ver o Couch Slut ao vivo.
3. Direct Inject do Zombi
A dupla instrumental de prog-rock conhecida como Zombi retornou ao mundo progressivo com “Direct Inject”, um álbum que pulsa com energia e musicalidade intrincada. E eu gostei tanto desse disco que ele foi o único dessa lista a ganhar um artigo específico sobre. Uma raridade atualmente.
A sua combinação peculiar de ritmos que remetem ao krautrock, melodias baseadas em sintetizadores e atmosfera de filme de terror está em plena exibição, criando uma trilha sonora para um filme de ficção científica imaginário.
Para mim, os destaques incluem o impulsionador “So Mote it Be” e o mais atmosférico “Direct Inject”.
4. Raw Blood Singing do Insect Ark
“Raw Blood Singing” é uma mistura bem interessante de drone experimental e pós-metal de Insect Ark. A guitarra de lap steel de Dana Schechter, que também toca no Swans, cria uma paisagem sonora única, tecendo melodias tristes e texturas ameaçadoras. E a adição da bateria de Tim Wyskida, que também toca no Khanate, só ajudou a criar uma sonoridade ainda mais especial.
O álbum é pesado e etéreo, atraindo o ouvinte para um mundo de beleza sombria e introspecção. Sou fã da banda há muitos anos e já acompanhei algumas mudanças na direção sonora deles e posso afirmar sem problemas que esse é o disco deles que eu mais gostei de escutar.
5. Absolute Elsewhere do Blood Incantation
“Absolute Elsewhere” de Blood Incantation é mais que uma odisseia cósmica de death metal. O álbum ultrapassa os limites do gênero com as suas estruturas de música progressivas, musicalidade técnica e letras filosóficas.
E eu meio que deixei esse disco de lado por mais tempo do que deveria devido a todas as reações positivas que eu estava a ler por aí. Acreditei que poderia ser muito mais hype do que realidade e fui surpreendido com um disco de apenas duas músicas que parece uma obra quase infinita.
Das batidas explosivas ferozes às explorações psicodélicas este é um álbum que exige audições repetidas. Afinal, não é todo o dia que vai escutar uma mistura sonora tão inusitada quanto essa que o Blood Incantation fez com “The Stargate”.
6. Civil War (Trilha Sonora Original) de Ben Salisbury e Geoff Barrow
A trilha sonora que Geoff Barrow e Ben Salisbury fizeram para o filme “Civil War” é uma obra poderosa e evocativa que se destaca como um álbum. A música varia de tensa e atmosférica a épica e carregada de emoção, capturando o drama e a tragédia do assunto do filme.
Fãs do trabalho de Ben Salisbury e Geoff Barrow em projetos de trilhas sonoras como “Annihilation” e “Devs” encontrarão muito o que admirar aqui. Eu sei que encontrei algo.
7. Vengeance of Eternal Fire do Antichrist Siege Machine
O Antichrist Siege Machine entregou um ataque implacável de war black metal com “Vengeance of Eternal Fire”. O álbum é uma explosão crua e caótica de blast beats, palhetadas de tremolo e vocais guturais.
Cheguei a ter o prazer de ver eles tocando ao vivo em setembro de 2024 e, ao vivo, essa banda é ainda mais agressiva do que eu esperava. Esta é uma música intensa e implacável para aqueles que apreciam os extremos do gênero musical.
8. Rack do The Jesus Lizard
As lendas do noise rock The Jesus Lizard fizeram um retorno triunfante com “Rack”. O álbum vê a banda recapturar a energia crua e o humor distorcido da sua produção clássica dos anos 1990.
Os vocais de David Yow estão tão desequilibrados como sempre, enquanto os riffs de guitarra de Duane Denison são cada vez mais afiados e angulares.
Este é um retorno bem-vindo para uma das bandas mais influentes da cena do noise rock. Eles tocam por Berlim em maio de 2025 e estou ansioso para conseguir ver ao vivo essa banda que eu nunca imaginei que iria conseguir assistir.
9. Cutting The Throat Of God do Ulcerate
A banda neozelandesa Ulcerate contina com o seu reinado de death metal técnico e dissonante com “Cutting The Throat Of God”.
O álbum é denso, desafiador e cheio de riffs intrincados, mudanças de tempo e uma atmosfera sufocante. Não é para os fracos de coração, mas aqueles que apreciam o metal extremo na sua forma mais exigente encontrarão muito o que explorar.
Assisti o Ulcerate ao vivo pela primeira vez em outubro de 2024 e o show foi focado apenas nesse disco. Sai de lá sem palavras para descrever o impacto sonoro do que essa banda consegue fazer ao vivo. Foi algo mais do que surpreendente.
10. Divine Laughter do Cave Sermon
“Divine Laughter” de Cave Sermon é uma jornada nas profundezas do post black metal misturado com o sludge. Por meio da descrição do estilo, é perceptível que o disco é denso e atmosférico, com riffs poderosos e um forte senso de melodia.
Faixas como “Crystallised” e “Liquid Gold” mostram a capacidade da banda de criar tanto um peso esmagador quanto momentos de beleza etérea.
Uma pena que essa banda de um homem só não tem planos de fazer shows. Isso seria épico de uma forma mais do que especial para mim.
Meus Top 10 Discos de 2024
E esses foram os meus top 10 Discos de 2024.
Acredito que essa poderia ser melhor descrita como a minha breve lista dos meus discos favoritos de 2024, já que qualidade é relativo e eu acabo criando a minha lista anual baseado nos discos que eu mais escutei. Faço isso com a intenção de ter uma fonte de dados real para medir o que eu poderia descrever como qualidade.