Existem mais de sete mil linguagens pelo mundo, hoje em dia. Todas elas soam diferentes, tem vocabulários e estruturas de sintaxe particulares. Mas, será que elas moldam a forma com a qual nós pensamos? Na palestra que Lera Boroditsky deu no TED Ed, ela usa de exemplos que parecem apontar para isso.
Afinal, a forma com a qual nós tratamos os objetos ao nosso redor dependem da forma com a qual aprendemos a descrevê-los e isso varia de língua para língua. Lera Boroditsky usa o exemplo do masculino e feminino quando se trata do alemão e do espanhol. No espanhol, uma ponte é algo feminino e isso acaba fazendo com que os adjetivos que descrevem uma ponte sejam mais característicos do feminino. Isso em espanhol.
Já em alemão, uma ponte é masculina e isso acaba gerando descrições mais características de uma entidade desse sexo. Algo simples assim pode ter efeitos diferentes em uma sociedade e é só perguntando e pesquisando que descobrimos o que isso pode ser.
How language shapes the way we think | Lera Boroditsky
There are about 7,000 languages spoken around the world — and they all have different sounds, vocabularies and structures. But do they shape the way we think? Cognitive scientist Lera Boroditsky shares examples of language — from an Aboriginal community in Australia that uses cardinal directions instead of left and right to the multiple words for blue in Russian — that suggest the answer is a resounding yes.
As pessoas que falam russo tem um diferencial quando se trata de diferenciar tons de azul. Eles tem palavras diferentes para azul claro e para o azul escuro. Guloboy e Siniy, respectivamente. Dessa forma, quando essas pessoas são testadas sobre a habilidade que eles tem de descriminar cores, aqueles que falam russo são mais rápidos do que outras pessoas quando se trata de tons de azul.
Não sei o que isso significa a longo prazo mas, esse tipo de pensamento abre minha cabeça para começar a divagar sobre outras diferenças que existem entre outras línguas.
Em uma das equipes que eu trabalho, somos cerca de 10 pessoas. E, entre todas essas pessoas, não existe uma linguagem comum. Todos conversamos em inglês mas não existe uma língua natal em comum. As variações vão do português ao italiano, do inglês americano ao polonês, do lituano ao hebreu. E, algumas vezes, percebo que nossas conversas tem particularidades linguísticas que não sei se ocorreriam em um grupo de pessoas que tivesse conversando em uma língua comum.
Novamente, não sei o que isso pode causar mas gosto de pensar sobre as pequenas diferenças nas realidades das pessoas baseado na forma com a qual elas conseguem descrever o mundo ao redor delas.
Dá para aprender mais sobre o ponto de vista de Lera Boroditsky nesse assunto direto em um artigo que ela escreveu em 2009.