Nos anos 90, meu quarto era repleto de posters do Ministry. Eu tinha uma camiseta da época do Psalm 69 que derreteu de tanto que eu usei, acabei recortando o nome da banda na frente e costurando num moleton que eu perdi andando bêbado por Belo Horizonte. O Ministry foi uma das bandas que eu mais escutei na minha tardia adolescência. Muito pela identificação daquele caos sonoro com qualquer coisa que passava dentro da minha cabeça. Ministry foi quase minha banda favorita mas vive bem numa lista de top alguma coisa.
E foi com essa cabeça que ontem eu assisti Fix The Ministry Movie e posso dizer que fiquei bem satisfeito com o que vi. Principalmente porque eu não tinha nem idéia do que eu veria, esperava algumas coisas mais novas mas a linha de tempo do filme me satisfez.
Todo o conceito do documentário é de uma longa visita ao backstage de uma das bandas mais assustadoras a atingir algo próximo do mainstream musical americano. Afinal, que outra banda de industrial conseguiu ter seu show num filme como Artificial Intelligence: AI? O Ministry fez isso e fez muito mais.
O Ministry fez todas as drogas que o mundo deu para eles. Isso fica claro quando você tenta contar quantas vezes você vê Al Jourgensen, vocalista e fundador da banda, se injentando com heroína e quantas vezes algumas outras drogas aparecem. Esse é o mito que conhecemos de Al e, minha ideia de que tudo isso era apenas um stage persona, pode ter ido água abaixo. As filmagens são tão intimistas e pessoais que fica complicado acreditar que tudo aquilo é falso ou fruto de uma edição complexa. O que você vê ali é real e, quase, assustador.
Pelo menos é o que dizem Trent Reznor do Nine Inch Nails, Maynard Keenan do Tool, Lemmy do Motorhead, j. Davis do Korn, Dave Navarro do Jane’s Addiction e alguns outros. Os depoimentos deles apenas confirmam a complexividade da vida na estrada, o clichê do abuso de drogas e do life style de Al Jourgensen e como isso tudo se torna algo normal.
Nas palavras de Jonathan Davis do Korn:
When I first met Al he freaked me the fuck out… I had to leave.
Assista o filme se você for fã do estilo, da banda ou tiver uma curiosidade mórbida sobre o assunto. Esse filme não foi feito para todo mundo.