Ainda lembro bem da minha cara quando escutei a intro de Demanufacture a primeira vez. Foi naquele momento que eu descobri que queria tocar bateria e que o Fear Factory iria se tornar uma das minhas bandas favoritas. Anos depois, acabei celebrando essa banda com uma tatuagem de um dos discos dele na minha perna. O disco é o Obsolete e a tatuagem foi a primeira que eu fiz na vida. Vocês não acreditam na minha cara quando eu fui ver um show do Fear Factory pela primeira vez…
Mas, voltando ao Demanufacture, conheci a banda quando escutei a trilha sonora de Mortal Kombat pela primeira vez. Eu deveria ter uns 15 anos na época e sei que não entendi nada do que escutei no filme e fiquei ainda mais confuso quando escutei o disco pela primeira vez. Zero Signal marcou muito bem um dos primeiros momentos onde pensei se aquilo que eu escutava fazia sentido.
Esse disco criou um estilo que até hoje eu não sei direito como chamar. O Fear Factory não era uma banda de death metal, eles não eram uma banda de industrial. Mas ao mesmo tempo eles tinham toda essa sonoridade que puxava referências de todos os lugares. Muita gente chamou de cyber metal mas esse é um dos nomes mais ridículos que eu já escutei e nunca tive coragem de descrever o Fear Factory dessa forma.
Lembro de acessar o site da banda há décadas e, lá dava para ler uma frase do Max Cavalera falando que ele acreditava que o Fear Factory era o futuro do death metal. Por mais que eu concorde com o que o Max disse, acredito que ele focou demais em um estilo e o Fear Factory acabou se tornando o futuro de muito mais do que isso.
Em Demanufacture você escuta muito do que acabou virando lugar comum no metal depois de uns anos. Foi ali que aquele vocal etéreo que mistura algo gritado com algo cantado fez a diferença. Fez tanta diferença que eu não sei se consigo lembrar de outro disco onde esse estilo de canto fez tanto sentido. Foi ali que descobrimos que o Dina Cazares era um dos melhores guitarristas rítmicos do metal e que Raymond Herrera era um deus da bateria.
Mas não é só isso. Demanufacture é um disco conceito que conta uma história do homem contra a máquina, inspirado em parte pelo segundo Exterminador do Futuro. Mas as referências não ficam só nesse filme. De Blade Runner a visões futuristas do que vivemos hoje em dia, Demanufacture é mais do que um disco com uma capa futurista.
Pensar que em 2015, esse disco completa 20 anos é difícil de contabilizar na minha cabeça. Afinal, escuto o Demanufacture enquanto escrevo isso e se o disco não fosse tão familiar, até acreditaria que foi lançado essa semana.
É assim que um disco deveria envelhecer e foi assim que o Demanufacture se tornou o que é hoje. Pare o que está fazendo e vai lá dar um tempo com o melhor disco que o Fear Factory já lançou.
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