Conheci o Ex Eye por acidente ao me deparar com um vídeo do Greg Fox, baterista do Liturgy, tocando algo que não fez muito sentido na minha cabeça. A música tinha um nome estranho e eu resolvi pesquisar o que era aquela banda chamada Ex Eye. Foi assim que acabei me deparando com um dos melhores discos de 2017.
Ex Eye é uma banda que descreve o som deles como instrumental post-everything project e isso faz muito sentido depois que você escuta o disco deles. O som é poderoso, tem uma precisão fora do comum, é pesado, agressivo e quase catártico. Os instrumentos e melodias se misturam até que você não sabe mais o que está acontecendo e eu não tenho do que reclamar.
A banda foi fundada em 2016 pelo saxofonista Colin Stetson, renomado pelo seu experimentalismo musical, com Greg Fox do Liturgy, Shahzad Ismaily do Secret Chiefs 3 e o guitarrista Toby Summerfield. A mistura de sintetizadores e saxofones com o peso da guitarra e a velocidade da bateria fez com que o Ex Eye se tornasse uma das maiores surpresas do cenário alternativo de nova Iorque e, eles acabaram assinando com a Relapse para o lançamento de seu primeiro álbum.
O disco, também chamado de Ex Eye, foi gravado ao vivo no estúdio de Shahzad Ismaily no Brooklyn e pode ser considerado um dos discos mais avant-garde que eu já escutei. Sem brincadeira. A mistura de free jazz com post metal, noise e improvisação fazem com esse disco seja uma mistura sonora quase espiritual mas, ao mesmo tempo, concreta em todas as formas. É difícil explicar o Ex Eye, sério.
Mas vamos lá. O disco Ex Eye é composto de cinco músicas sendo que uma delas é um bônus. A primeira música chama Xenolith; The Anvil Drone e você pode ver o vídeo dela logo acima. O som aqui é um noise drone rock que é guiado por uma bateria marcada e um saxofone bem pesado. Na sequência já temos Opposition/Perihelion; The Coil, que além de ser minha música favorita deles, é como eu acabei conhecendo a banda no vídeo que mencionei no início do texto. Essa música me lembra uma estranha mistura de post rock com krautrock com uma bateria que parece querer tocar sempre mais rápido mas que não consegue. Isso acontece ao mesmo tempo que o saxofone leva a música pra um experimentalismo que aponta para um free jazz de deixar John Zorn orgulhoso.
Na sequência, temos Anaitis Hymnal; The Arkose Disc que, pelo menos para mim, lembra alguma coisa de Swans mas de um jeito estranho. Essa música tem uma pegada mais drone, mais lenta e atmosférica e deve vir daí a referência. Já Form Constant; The Grid tem uma pegada mais voltada para o doom, um quase post metal que parece ir migrando para um ambient noise que é difícil de explicar mas que marca o final das quatro composições básicas desse disco. Mas o disco Ex Eye não terminou aqui. Temos a bônus The Crowns; The Corruptor com seus doze minutos onde o saxofone e a guitarra guiam a sonoridade da banda para uma dilatação de barulho que marca muito bem o final do disco.
Ou seja, depois disso tudo, se você não ficou curioso para escutar o Ex Eye, essa banda não é para você. Mas se você é fã de uma música instrumental esquisita, pesada e que leva seus ouvidos para locais que eles não esperavam ir, essa banda é para você. Clique no link abaixo e escute mais desse disco que é um dos meus favoritos de 2017.