Pensei em tirar um print screen da timeline do meu facebook nesse momento mas acabei ficando um pouco com vergonha do que aparecia por lá e desisti disso. Com uma passada de olhos, consigo ver que tudo que existe ali é totalmente irrelevante para mim. E, olha que eu mantenho uma certa obsessão em filtrar meus posts no facebook. Se eu descer ainda mais, vejo alguma coisa interessante mas, não é muita coisa. Ou seja, mais de 80% da página principal do maior site da atualidade é totalmente irrelevante para mim.
Nunca tinha pensado desse jeito mas essa conclusão veio com uma certa surpresa já que o Facebook sabe tanto sobre mim. E não é só isso. Além dele saberem muito sobre mim, tenho certeza de que muita gente boa de trabalho e muito mais inteligente do que eu trabalha lá. No entanto, todo trabalho dele me lembra a minha caixa de spam antes do gmail resolver esse problema para mim.
Coloco a culpa na tendência do momento: o Compartilhamento aka Sharing. Acredito ai que a culpa seja dos misteriosos algoritmos do Facebook que privilegiam quem compartilha mais com mais audiência para compartilhar ainda mais. Para que ser original se eu não conseguirei a audiência que tanto quero?
De uma forma ou de outra, as redes sociais são muito próximas das nossas relações humanas do dia a dia. Porém, a forma com a qual compartilhamos informações no Facebook parece ignorar completamente a forma com a qual seres humanos interagem, fazendo com que todo conteúdo que eu compartilhe por lá esteja disponível para todo mundo que é meu amigo. Seja esse conteúdo relevante para essa pessoa ou não. E, não é assim que esse compartilhamento funciona na vida real. Se meus amigos designers estão falando comigo sobre design, não faz muito sentido eu começar a falar sobre aquele novo disco de black metal que eu escutei ontem. Existem coisas que você compartilha com algumas pessoas e existem outras que você compartilha com outras. O mundo é assim, o Facebook não. Mesmo se você fizer filtros e mais listas como eu fiz, você continua compartilhando tudo da mesma forma confusa e sem direção de antes.
E o Facebook acaba piorando quanto mais você usa. Ao invés dele aprender com toda navegação e compartilhamento que você faz online, ele só te bombardeia com mais informações para você mesmo filtrar. São mais amigos, mais grupos, mais likes e mais preferências. Todo mundo que você se torna amigo, se transforma em alguma coisa que vai aparecer na sua timeline no futuro.
Isso facilita muito a vida de todos aqueles que não conseguem parar de compartilhar a vida online. Aqueles que eu costumo chamar de “Nada para dizer e tantas redes sociais para compartilhar”. Já que todo mundo está no Facebook, você deveria imaginar que ele passaria a funcionar mais como o mundo lá fora. Mas não, aqui fora, a opinião dos outros tem um certo limite de alcance. Isso não existe no Facebook.
Enquanto o Google tenta limitar os trabalhos “ilegais” de SEO que existem, o Facebook parece apoiar o que essas pessoas fazem com SEM, encorajando essas pessoas e empresas a reduzir a qualidade dos posts da rede e voltando o foco apenas a audiência. É quase como a TV funciona e um dos motivos pelos quais eu não assisto mais ela. É quase inevitável mas, por culpa disso tudo, hoje existe uma indústria voltada para criação e replicação de conteúdo de baixa qualidade e alto apelo emocional para conseguir o maior número de likes. E, para que mesmo isso?
Um problema que eu só percebi depois de reler esse texto é que, tudo isso que estou apontando como erro no Facebook, acaba sendo chamado por eles mesmos como features. O que me faz pensar no por que eu estou ali fazendo parte desse experimento social online. Essas redes sociais massivas e enormes não servem para q se comunicar do jeito que eu gosto. Não preciso viver assim.
Nós precisamos de menores comunidades, menores redes sociais com ligações mais fortes entre os usuários. Locais onde as pessoas não fiquem perdidas num mar de posts medíocres e likes sem sentido. É ali que ideias podem surgir. Facebook, acho que você fracassou.