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Ir no SWU ou amputar meus pés?

  • música
  • 5 min read

O SWU está chegando e minha vontade de ir para Itu fazer parte desse grande evento conseguiu atingir valores negativos. DIgo isso porque esse SWU já nasceu errado. Já surgiu querendo ser algo que nunca seria e depois desse parto, ainda conseguiu se tornar algo ainda mais irrelevante.

Digo irrelevante devido a falta de bandas realmente interessantes, falta rock, falta bom senso em relação aos valores dos ingressos, falta música e sobra aquele papo genérico de sustentabilidade, alegria e diversão que todo publicitário sabe vender bem.

Acho que é esse o ponto negativo desse festival. O SWU é um festival de música feito por publicitários. Aquele mesmo publicitário super descolado que só foi escutar Queens of the Stone Age quando apareceu o Rock Band. Você sabe o que eu estou falando. Afinal, quem teria capacidade de juntar Tiësto, Dave Matthews Band, Linkin Park e Cavalera Conspiracy no mesmo festival a não ser uma pessoa que não tenha noção musical? E bom gosto também, claro.

Em junho eu fui para Europa e durante meu breve período lá, fui a dois festivais. Um deles foi menor em duração mas de maior no prestígio. O Sonisphere Polônia foi o primeiro show da turno que o Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer fizeram pela Europa. Não sei ao certo mas dizem por ai que mais de 100 mil pessoas prestigiaram a esse show em Varsóvia. O outro festival, o Hellfest francês, que fui era menor em número de pessoas mas superava e humilhava todos os outros shows que fui em relação a estrutura e número de bandas. Foram 150 em 3 dias, incluindo ai Kiss, Motorhead, Behemoth, Slayer, Carcass, Slash, Immortal, Alice Cooper e mais uma centena de bandas.

O interessante desses dois festivais que fui é que ambos custavam menos da metade do que o SWU custa. Quando eu comparo o SWU com o Hellfest, o SWU perde em todos os pontos mas consegue ganhar facilmente quando se trata de custos. O valor que custou para mim nos 3 dias de Hellfest, incluindo ai a estadia, comida e o ingresso, é quase a metade do ingresso da pista VIP de um dos dias do SWU. Isso porque no Hellfest, o número de bandas é quase que 4 vezes maior e é em outro pais. Enquanto eu fazia minhas contas comparando o SWU com outros festivais, cheguei a conclusão que é mais barato você ir ver um festival na Europa do que assistir a esse evento aqui. No mínimo exótico.

Mas, vamos falar agora sobre as bandas do SWU. Fora as bandas aqui da terrinha, são poucas aquelas que eu acho que veria e não entendo como que conseguiram juntar tanto lixo genérico no mesmo espaço. Infectious Grooves é uma banda legal, assisti eles no Hellfest e eles combinam bastante com o Rage Against the Machine que toca no mesmo palco. Mas porque mesmo um Los Hermanos ali no meio? Mutantes e Mars Volta? Capital Inicial e Sublime? Dave Matthews Band e Kings of Leon? Só consigo ver pop medíocre ai no meio. Mas eu sei que você pode gostar então não vou falar muito mal. Vou voltar minha atenção ao suposto palco pesado. Linkin Park, Incubus e Pixies? Sério mesmo? Quem montou esse lie up deve conhecer muito bem as bandas e o público delas mesmo. A sequência de Yo La Tengo, Cavalera Conspiracy, Avenged Sevenfold e Incubus beira o patético. E a inserção do Pixies entre o Queens of the Stone Age e o Linkin Park é pedir para que dois público briguem por um espaço na frente do palco. Ah, é, esqueci da pista vip. Deixa isso de lado.

A única banda que eu vería feliz é o Queens of the Stone Age. Mas, pagar o valor desse ingresso, brigar para conseguir ver o show e sofrer por meros 80 minutos de apresentação é impraticável. Como já disse algumas vezes no twitter, prefiro amputar meus pés.

O que eu gostaria de ver mesmo é o caos que pode acontecer nesse acampamento em Itu com policiais disfarçados tentando coibir o consumo de drogas, o custo alto de todas as bebidas e a alimentação no local. Quero ver os comentários sobre o evento na internet. Quero ver esse lado e como que a organização do evento vai tentar conter isso.

Porque eu quero mesmo é que um festival como esse nunca mais ocorra no Brasil. Um festival feito por publicitários “roqueiros” que nunca pisaram num festival, que só estão pensando em formas de maximizar o valor de tudo e que conseguiram deixar a música num segundo plano quase que inexistente. Espero que esse SWU seja edição única.

5 thoughts on “Ir no SWU ou amputar meus pés?”

  1. Barbara Falcão

    A verdadeira impressão do primeiro dia do SWU

    Grande SWU. Muito lucro, alguma diversão, nenhum respeito, pela natureza, pelos trabalhadores, pelos consumidores. Sustentável pra quem?

    Com medo das pessoas beberem a água da torneira e não comprarem 300ml do líquido vital vendido por 4,00 reais, não havia água nem para lavar a mão. Podiam ter posto bebedores e cada um levava sua caneca. Isso seria mais ecológico, mas daria menos lucro. E logo na entrada, ao ver os milhares de copinhos plásticos, já se percebia o que desconfiávamos desde as primeiras propagandas: Eduardo Fischer, sua TotalCom e os demais interessados, não abririam mão de um centavo do lucro em nome da afamada “sustentabilidade”, que relacionada ao SWU deve vir entre aspas. Nem aos motoristas do estacionamento – pago – era oferecido água, nem para beber nem para lavar a mão. E muito, muito plástico jogado. E não adianta querer falar em reciclagem, lucro a qualquer preço não combina com sustentabilidade. Sustentável pra quem? Pra mãe natureza não, pra TotalCom, com certeza.

    Por falar neles, existe algo chamado planejamento para evitar que pessoas que estão pagando caro pelo produto oferecido tenham um atendimento adequado e possam consumi-lo sem problemas. 5 horas de fila para entrar no camping de 500 reais, as fichas do caixa acabarem no primeiro dia do evento privando as pessoas de se alimentarem, banheiros insuficientes, falta de informação total, som do palco principal baixo. Sustentável, pro consumidor não, pras empresas envolvidas, com certeza.

    O ingresso da pista comum custava o equivalente a 30% de um salário mínimo; pensando no discurso do RATM, imaginamos o quanto a maioria dos fãs que estavam ali devem receber pelo seu trabalho. E para dividir a classe A e B da classe C , pequenas grades separando a pista Premium da comum. Como disse um amigo, antes do show: “Rage against the alambrado.” Sustentável pra quem esses preços? Pro trabalhador comum não, para os patrocinadores, com certeza.

    Para conter os ânimos no começo do show quando as pessoas começaram a querer pôr abaixo a divisão de classes, subiu alguém no palco e ameaçou: ou paravam de derrubar as grades ou o show não continuaria. O próprio Zack, vocalista da banda, pediu pedagogicamente. Em vão. Assim que a música seguiu, a multidão raivosa também. Então, de repente, o som desapareceu. E contradizendo as informações oficiais, que afirma ter havido “uma falha técnica”, O SOM FOI CORTADO PARA O PÚBLICO. E foi triste ver o RATM continuar a tocar – o retorno deles não foi desligado – sem que ninguém pudesse ouvir. Gostaria muito de saber a opinião da banda sobre o evento. Afinal, cortar o som foi sustentável para quem? Para os fãs não foi, pros organizadores, com certeza.

    Lamentável que a preocupação com a propaganda foi muito maior do que com a organização. Triste que os consumidores brasileiros aceitem calados um produto tão precário e mentiroso. Vergonhoso usarem uma causa tão nobre de maneira distorcida e oportunista. Fui a este festival e apesar de ter visto uma das minhas bandas preferidas, sinto-me frustrada ao pensar que a primeira propaganda foi a inevitável comparação feita a Woodstock, triste ironia, já que este festival foi um fiasco financeiro, mas um marco dos festivais; Já o SWU foi um sucesso para seus organizadores, e para o público, bem, ainda fica a retórica: Sustentável pra quem? Pra nós e pro planeta Terra, não, pro Eduardo Fischer, com certeza.

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