Em outubro do ano passado, escrevi um longo post celebrando meus primeiros 200 dias em Berlin. Como tive uma resposta bem positiva com o que escrevi, acabei fazendo as contas e planejando escrever mais um artigo quando eu comemorasse meus 500 dias em Berlin. O problema é que, nesse fatídico dia, eu estava na Suécia e não achei válido publicar sobre isso não estando nessa cidade. Depois de adiar alguns dias, resolvi tomar vergonha na cara e escrever algumas das várias coisas que eu aprendi desses 513 dias em Berlin.
Mudei para Berlin com minha esposa em março de 2012. Em junho vieram nossos gatos e não temos planos de ir embora daqui tão cedo. Escolhemos Berlin por que foi a cidade mais interessante que conhecemos nos nossos passeios europeus. A comida, o preço das cervejas, os longos passeios pelas ruas, os parques, as pessoas que conhecemos por aqui acabaram fazendo com que a escolha de mudar para cá tenha se tornado facilmente a melhor decisão da nossa vida. Simples Assim.
Mas não foi sempre assim. Acredito que até setembro do ano passado, eu não achava Berlin tão interessante assim. Claro que eu achava a cidade legal, gostava dos shows, dos passeios que eu fazia. Mas Berlin não sentia como minha casa, sabe? Acho que foi com a chegada do outono que tudo isso mudou. Não sei se foram as cores das árvores, as pessoas que conhecemos ou o frio que chegava que deixou tudo mais aconchegante. E, assim fui passando a chamar Berlin de minha casa e, não consigo me imaginar fora daqui.
Nesses meses todos, aprendi algumas coisas que podem ser bem úteis para as pessoas que gostam da cidade e pretendem passar um tempo aqui ou mesmo mudar para cá.
- Se você não fuma ou se incomoda muito com a fumaça de cigarros, uma pena. Aqui ainda se fuma dentro de bares, baladas e restaurantes. E se fuma muito. Se você não gosta, aprenda a se acostumar, evite sair ou comece a fumar.
- Ainda acho estranho ver uma rua vazia, sem nenhum carro, com algumas pessoas paradas esperando o sinal ficar verde para atravessar a rua. Eu bem que tento ser civilizado dessa forma e atravessar a rua apenas no local demarcado mas esse é um desafio muito forte para quem morou 30 anos no Brasil.
- Eu prefiro andar mas sei que essa cidade aqui foi feita para andar de bicicletas. Compre uma e fuja do metrô. Você vai ficar mais feliz, mais saudável, perder peso, passar a ver a cidade de um jeito diferente e não gastar dinheiro com o metrô. Não consigo entender quem muda para cá e não compra uma bike.
- Eu acreditava que ia comer aquela comida alemã que vemos no Brasil todos os dias aqui mas a realidade é outra. Me falaram que eu ia enjoar de comer döner mas a realidade também é outra. Aqui, meus almoços em dias de semana se resumem a comida turca, comida libanesa, comida vietnamita ou comida tailandesa. Tudo por menos de €5 por que eu não quero gastar muito dinheiro almoçando quando vou trabalhar.
- Aquela calçada limpa e vazia que você viu ali do seu lado não é uma calçada. Aquilo é uma ciclovia e eu odeio todo mundo que anda por ali ignorando todas as regras de educação e bom senso. Em algumas ruas, eu gostaria de andar por ali chutando todos que cometem essa gafe.
- As calçadas são um pouco mais pro lado. Lá você encontra sofás, garrafas quebradas, algumas coisas que cachorros deixaram pra trás e, as vezes, até televisões. Cuidado por onde você anda.
- Meus domingos se tornaram dias inúteis onde não consigo fazer nada produtivo. Nada abre nos domingos então se você quer fazer um churrasco, não pode ser expontâneo e correr para o parque pensando em passar em um supermercado antes. Isso não existe. Você pode passar em alguma das estações de trem onde existe um supermercado mas a fila por lá vai ser tão grande que vai jogar toda sua espontaneidade no lixo. É assim e se acostume. Domingo não é dia de passar no supermercado e resolver sua semana. Faça isso outro dia e pronto.
- Falando em supermercados, se prepare para ver o caixa mais rápido da sua vida aqui na Alemanha. E, cuidado se você não for tão ligeiro quanto ele, olhares de ódio virão de todos os lados. Como odeio esses olhares, já me posiciono no final da fila com meu cartão do banco no bolso e a sacola que trouxe de casa preparada para colocar tudo na velocidade da luz. Ah, aqui você precisa levar sua sacola para o supermercado ou vai carregar suas compras para casa nas mãos. Você pode comprar uma também mas sei que você vai reclamar disso e aprender a carregar uma sacolinha de pano na mochila.
- Falei sobre cartão ali em cima e, com exceção dos supermercados, não é muito comum ter esse tipo de pagamento em todos os locais. Ande com dinheiro, você vai precisar dele. Cartões de crédito são ainda mais ignorados então aprenda a viver sem eles e sua vida será mais simples. E, não adianta reclamar, a realidade aqui é essa. Não use cartões para pagar contas em Berlin. Simples e direto.
- Se você não tem um Spätkauf perto da sua casa, você mora no lugar errado. Spätkaufs são as lojas de conveniência de Berlin. Ali você encontra de quase tudo a preços bem módicos. Quando mudei para cá, sofria quando escolhia minha cerveja já que lá temos cerca de 20 marcas diferentes de cerveja e eu não conhecia nenhuma delas. Hoje, já tenho minhas preferidas e tudo ficou mais fácil. Tenho até meu Spät favorito aqui perto de casa.
É, Berlin me mudou e tenho certeza que vai me mudar ainda mais. Não sei direito quando volto para o Brasil mas tenho certeza de que não serei mais aquela pessoa que saiu de lá. E que venham muitos mais dias por aqui.
Mais fotos de Berlin no set que mantenho daqui: das ist Berlin – a set on Flickr
Boas dicas. Isso do cigarro (vou ter que me acostumar, a galera fuma mesmo, eu odeio, mas fazer o quê?) e do cartão tbm. Minha amiga foi estudar ai e a agência de intercâmbio vendeu aquela porcaria de cartão pré-pago, qse nenhum lugar aceitava…
Berlin esta na minha lista para conhecer até novembro!