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30 dias de Glitch depois

No dia 5 de novembro, participei de um workshop voltado para glitch e data mosh e acabei aprendendo algumas técnicas que eu não conhecia e resolvi ver até onde eu consegui levar isso tudo. Foi nesse dia que resolvi começar meu mês de glitch, onde eu criaria uma imagem ou várias usando glitch só para ver o que eu estava aprendendo com isso tudo.

Imagino que muita gente não deve ter idéia do que seja glitch e pode estar pensando por que que eu fui gastar meu tempo aprendendo essa técnica. Mas, vamos ver se eu consigo explicar alguma coisa para vocês. Glitch é o termo usado para indicar que houve uma falha em um sistema. Quando isso acontece, esse sistema acaba apresentando algumas disfunções especiais e é ai que eu quero chegar.

O Glitch que eu estou tentando aprender é voltado para tentar aprender como criar esse glitch em imagens perfeitas. A ideia é aprender a corromper imagens para criar outras através de uma falha no código da mesma. Agora, por que isso? Cada um tem interesse em alguma coisa e esse é o meu no momento.

Fez sentido?

Resolvi focar o trabalho em apenas alguns softwares e fui explorando o que poderia ser feito com uma mistura de hex fiend, audacity, extra file e um pouco de gimp para salvar aquelas imagens que não tinham salvação. Abaixo vou falar um pouco sobre como foi o processo e o que deu para aprender com isso tudo.

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Comecei meio tímido com o hex fiend já que aprendi rápido que a substituição de caracteres acaba destruindo muito do código da imagem e acaba não permitindo que ela seja aberta de novo. Nos primeiros dias, acabei estragando algumas imagens de forma simples e essas imagens acabaram surgindo.

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Depois de alguns dias e várias tentativas, resolvi seguir ver o que eu conseguiria fazer caso misturasse glitch com o meu perpétuo projeto onde faço um poster para cada show que eu vou aqui em Berlin. Essa ideia surgiu depois que eu vi algumas das fotos que tirei no show do Dillinger Escape Plan e acabei achando que fazia sentido misturar as duas coisas. Esse não foi um processo fácil mas acabou funcionando. Primeiro, criei um base visual com as informações do show com uma tipografia simples e limpa já que imaginei que ela fosse ser bem alterado quando fosse começar o processo de glitch. Depois disso, usei essa tipografia sobre 9 fotos que tirei no show, fiz  cópias de cada uma dessas imagens e passei a remover e inserir códigos no hex fiend. O resultado acabou ficando muito melhor do que eu imaginava e pode ser visto por inteiro no meu behance. Foi trabalhoso mas eu gostei muito do resultado final.

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Como gostei do que fiz para o Dillinger Escape Plan, resolvi seguir uma ideia similar para o poster do Nadja. O resultado não foi tão satisfatório quanto o anterior mas consegui aprender algumas técninas interessantes quando comecei a trabalhar com fundos em preto e branco.

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Depois desses dois posters, passei a tentar usar um pouco mais do audacity. Já estava me sentindo confiante com o hex fiend e achei que estava preparado para outros visuais. Foi ai que começou minha surra diária. O Audacity é um programa de edição de áudio mas que também aceita que você importe raw data para ele. Desse jeito, você consegue usar os efeitos de áudio em cima do código de um tiff e ai começa o mistério. Quando você usa o hex fiend e passa a editar e substituir códigos, você meio que sabe o que pode acontecer. A mesma coisa não acontece quando você usa audacity já que os efeitos de áudio acabam lendo a imagem de uma forma especial. A primeira imagem que criei foi essa acima onde resolvi usar phaser e isso foi o que saiu.

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Depois dos meus confrontos diários com o audacity sem conseguir um visual interessante, fiquei ainda mais focado no hex fiend e passei a criar gifs animados com as séries de imagens que estava criando. E ai tudo começou a piscar em excesso.

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Durante esses 30 dias de experimentações, passei a fazer parte de alguns grupos online de discussão sobre glitch art e foi em um desses que descobri a técnica que o Kim Asendorf chamou de Pixel Sorting. Resolvi tentar algumas alterações no código do que ele fez mas não consegui fazer nada que eu achasse muito legal. Essa imagem logo abaixo é minha favorita.

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Depois de me frustrar com o Pixel Sorting, voltei para o mundo do Audacity mas dessa vez fui testando cada efeito e vendo o que saia de lá. Desse jeito mais científico, acabei criando algumas imagens mais interessantes e uma das minhas favoritas entre todos esses dias de glitch. Estou falando dessa dai logo abaixo que sobreviveu ao echo do audacity num dia frio em Alexanderplatz.

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Depois de passar alguns dias destruindo fotografias que tirei por ai, resolvi fazer algo diferente e criar algumas formas no photoshop e ver o que sairia desse processo. As duas imagens abaixo vieram desse raciocínio mas não gostei muito do que criei. Acho que ainda vou conseguir fazer algo interessante com isso mas não foi dessa vez.

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Em um dos últimos dias de exploração de glitch, tirei uma foto de uma roda gigante em um mercado de natal aqui em Berlin. Gostei da forma com a qual o céu escuro dava destaque para as luzes dela e arrisquei o audacity mais uma vez. Agora sim, consegui criar outra das minhas imagens favoritas e foi assim que acabei fechando esses 30 dias de Glitch.

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Nesses 3o dias de experimentação com glitch posso dizer que consegui destruir aquela preguiça inicial que todos temos quando se trata de aprender alguma coisa nova. Acabei descobrindo que existe muito mais do que eu imaginava e, a cada dia que passa, descubro novos softwares para usar de forma errada na criação de novas imagens. Espero que esses 30 dias tenham sido apenas mais uma nova forma de aprendizado e que mais bizarrice venha no futuro.

Se você gostou do que andei fazendo aqui, dá uma olhada nos gifs animados que fiz e no set do flickr com todas imagens e videos que acabei criando.

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